E apresentou-se de novo triunfante, como antigamente, após cerca de década e meia de inatividade.
Ressurgiu com o Baile de Carnaval, servido com o tradicional copo de água com que o Paião e o GIRP (Grupo de Instrução e Recreio Paionense) promoviam, dezenas de anos atrás, naquele que era um dos mais afamados bailes do Entrudo e da Passagem de Ano do concelho.
Empossada há apenas cerva de dois meses, a nova direção - composta por João Pedro Carvalheiro, Arménia Coelho, José Canas Bernardo, Manuel Mota e Augusto Cristino - conseguiu levar a cabo uma grande renovação numa boa parte do edifício com pinturas interiores e exteriores, telhado reparado, janelas portas e mármores substituidas, casas de banho, cozinha e o bar restaurados, e modernizou-se a electricidade e o sistema de canalização, adquirindo-se também um LCD. Uma grande parte dos materiais foi oferecida assim como a mão-de-obra.
O baile foi servido e, tal como antigamente, com o velho arroz à valenciana, frango e grande quantidade de doçaria trazida, como tradicionalmente, pelos cerca de duzentos participantes neste carnaval paionense de 2017 em que, ao som da música do conjunto João Artur, se dançou, pulou e confraternizou até ‘às tantas’ da madrugada.
Fica deste modo reatada a vitalidade do GIRP. Muito resta ainda que fazer. Mas este recente impulso é sintoma de que a força colectiva está viva.
O CIRP teve o seu início em 1934 com os seus estatutos subscritos por 27 paionenses, estes na sua maioria com antigas e mais ou menos profundas ligações ao regime republicano que derrubara a monarquia em 1910 e que fora posto em causa pela revolução de 28 de Maio de 1926. Era herdeiro do antigo Teatro Clube Paionense, que funcionara no mesmo local e com a mesma tendência política.
Formado por uma elite comercial e também industrial, apesar da sua formação democrática, curiosamente apresentava-se manifestamente avesso a uma abertura e inclusão dos sectores menos favorecidos da população.
Era esta índole selectiva que permitia ao GIRP uma optimização da frequência dos seus bailes, com a participação de uma burguesia mais ou menos endinheirada do Paião, Marinhas das Ondas, Louriçal, Alqueidão, Figueira da Foz, etc., que ali confluía com as suas filhas e filhos.
Entretanto, face a pressões de vária natureza e com o evoluir do pensamento social, esta anomalia cívica acabou por esbater-se e diluir-se.