A Divisão de Cultura vem por este meio prestar uma
singela homenagem ao Arquiteto figueirense Gustavo Bastos, falecido no passado
domingo, 16de fevereiro.
Gustavo (Telles de Faria Correia) Bastos = (1928-2014)
“Eu faço parte do grupo de pessoas que começaram por
querer ser artistas e foram para o ensino a fim de servir os outros e dar
satisfação a si próprios.”
Gustavo Telles de Faria Correia Bastos nasceu em S.
Julião, na Figueira da Foz a 9 de Março de 1928.
Com vinte anos, inscreveu-se no Curso Especial de
Escultura da ESBAP, completando o 4º e último ano do curso, na Escola de
Lisboa, em 1952. Nesse mesmo ano, de regresso ao Porto, matriculou-se novamente
na ESBAP, no Curso Superior de Escultura.
Em 1954, concluiu, juntamente com Lagoa Henriques, o
Curso de Escultura da Escola de Belas Artes do Porto, tendo ambos obtido a
classificação final 20 valores. Barata Feyo, foi seu mestre na disciplina de
Escultura, inserindo-o na sua equipe de estatuários. Em 1958 integrou, como
professor assistente, o corpo docente da Escola de Belas Artes do Porto,
tendo-lhe sido atribuída, em 1959, uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian,
que lhe permitiu viajar, conhecer os museus de França e Itália onde contactou
com a obra de Marino Marini. Ao longo dos anos ocupou os mais variados lugares
dentro da Escola, terminando em 1998 como professor catedrático.
Para além de Professor e Mestre, Gustavo Bastos foi um
Escultor de estatuária, estendendo-se a sua obra a todo País (sobretudo em
tribunais, edifícios públicos e monumentos de carácter histórico). No seu
trabalho destacam-se o homem, o cavalo (muitas das vezes sendo representados
num só volume) e a mulher.
A sua escultura, de pendor figurativo, é de grande
rigor formal e material, deixando de parte os pormenores, para assumir
uma contida expressão lírica. São figuras, ora solenes, ora serenas,
sólidas, e de grande precisão, sendo notório a mestria com que trabalha os
materiais.
Participou em variadíssimas exposições coletivas, e crê-se
ter realizado três exposições individuais, duas no Porto (na Galeria Alvarez em
1957 e na Galeria do JN) e uma em Lisboa (na Galeria do Diário de Notícias) em
1969. Em 1998, o Museu Municipal da Figueira da Foz produziu uma exposição
retrospetiva da sua obra. Está representado uns inúmeros museus e
coleções.
Algumas das suas esculturas mais relevantes podem ser
visitadas na cidade do Porto:
Repouso (cimento, 1953) junto ao lago do jardim das
Belas Artes;
Honra e Concórdia (mármore de carrára, 1957) no Salão
Nobre da C. M. do Porto;
Relevo (cimento, 1958) na Escola Secundária Aurélia
de Sousa;
João Pedro Ribeiro (granito, 1961) no Tribunal da
Relação;
Cabeça de Mulher (bronze) no Museu Soares dos Reis;
O domínio das águas pelo homem e O homem na sua possibilidade
de transpor os cursos de água (bronze, 1963) relevos na Ponte da Arrábida;
Relevo (bronze, 1970) hall de entrada da Estação de
S. Bento;
Relevo (bronze) Caixa Geral de Depósitos;
Os Cavaleiros do Apocalipse (bronze, 1970) no
Passeio das Virtudes;
Estátua equestre de D. Afonso Henriques (bronze, 1984) no
Museu Militar;
Monumento a Francisco Sá Carneiro (granito e bronze,
1990) na Praça de Velasquez.